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Juiz suspende decisão do PRD que indicou Júnior Matuto para CPI que investiga contratos do governo Raquel Lyra

Júnior Matuto, deputado estadual e ex-prefeito de Paulista, em imagem de arquivo Jonson Pereira/Prefeitura de Paulista/Divulgação A Justiça suspendeu a deli...

Juiz suspende decisão do PRD que indicou Júnior Matuto para CPI que investiga contratos do governo Raquel Lyra
Juiz suspende decisão do PRD que indicou Júnior Matuto para CPI que investiga contratos do governo Raquel Lyra (Foto: Reprodução)

Júnior Matuto, deputado estadual e ex-prefeito de Paulista, em imagem de arquivo Jonson Pereira/Prefeitura de Paulista/Divulgação A Justiça suspendeu a deliberação do Partido da Renovação Democrática (PRD) que indicou Júnior Matuto como líder da legenda na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). A decisão permitiu que o deputado também fosse indicado para compor a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Publicidade, que investiga contratos do governo do estado com agências de comunicação. Ex-prefeito de Paulista, no Grande Recife, Júnior Matuto era filiado ao PSB, principal sigla de oposição à governadora Raquel Lyra (PSD), e mudou de partido, com outros dois correligionários — Diogo Moraes e Waldemar Borges —, poucos dias antes da instauração da CPI. O movimento é visto pelos governistas como uma "manobra" para garantir que a oposição tivesse maioria na comissão. ✅ Receba no WhatsApp as notícias do g1 PE Matuto é o segundo deputado a ser destituído da CPI por ordem da Justiça. Na quinta-feira (21), outra decisão judicial derrubou a indicação de Diogo Moraes (PSDB), eleito presidente da CPI (saiba mais abaixo). Em meio ao impasse jurídico, a primeira reunião da comissão, marcada para a manhã desta sexta (22), não foi realizada. A liminar foi concedida nesta sexta (22) pelo juiz Sérgio Paulo Ribeiro da Silva, da 20ª Vara Cível da Capital, a partir de uma ação movida pelo deputado Joãozinho Tenório, que era o líder da legenda antes da mudança. Além de retirar Júnior Matuto, a decisão devolveu o comando da bancada a Tenório. Na petição, a defesa de Joãozinho Tenório disse que ele foi pego de surpresa com a deliberação do diretório estadual do PRD, que o destituiu da liderança e indicou o deputado recém-filiado em seu lugar. A troca foi comunicada na segunda (18), véspera da abertura da CPI. O magistrado entendeu que o PRD desrespeitou as regras do estatuto partidário ao mudar a liderança da bancada na Alepe sem dar a Tenório a oportunidade de se manifestar ou contestar a indicação. "Sem a notificação pessoal dos integrantes da comissão, dentre os quais, o demandante, resta evidente que a regra do art. 63 do Estatuto do partido foi solenemente ignorada, de modo a prejudicar a validade de tudo o quanto foi deliberado na referida reunião", disse o juiz no documento. O magistrado determinou, ainda, que, em caso de descumprimento, a legenda deverá pagar uma multa diária no valor de R$ 50 mil. O g1 tenta contato com Júnior Matuto e a direção do PRD em Pernambuco. PSDB tem recurso negado Também nesta sexta, o juiz Fernando Jorge Ribeiro Raposo, da 16ª Vara Cível da Capital, negou recurso apresentado pelo PSDB e manteve a decisão que anulou a indicação do deputado Diogo Moraes e restituiu a deputada Débora Almeida (PSDB), que apoia o governo, como líder da legenda. Moraes era do PSB e, assim como Júnior Matuto, se filiou ao partido às vésperas da instalação da CPI, a convite de Álvaro Porto, presidente da Alepe que também comanda o diretório estadual do PSDB. Na petição encaminhada à Justiça, a defesa da deputada argumentou que foi surpreendida com a convocação para participar do encontro com menos de 25 dias de antecedência, como prevê o estatuto do PSDB. Ela alegou, ainda, que Moraes não poderia ser líder da legenda, já que, também de acordo com o estatuto, apenas pessoas com, no mínimo, seis meses de filiação têm direito a voto nas decisões partidárias. O juiz acatou a argumentação da deputada, anulando os efeitos da reunião. "Manobras" e discussões na abertura da CPI A CPI da Publicidade foi instaurada na terça-feira (19), após uma reunião com discussões acaloradas entre deputados governistas e oposicionistas, em meio a uma disputa pela indicação de nomes para compor a comissão. Nos últimos dias, três deputados do PSB mudaram de partido para que a oposição ficasse com mais nomes na CPI. Aliados da governadora disseram que a "manobra" não é válida e entraram com uma ação para anular a CPI, mas o pedido foi negado pela Justiça. As mudanças incluem a bancada do PSB, que "cedeu" três parlamentares. São eles: Diogo Moraes, que foi para o PSDB; Waldemar Borges, que migrou para o MDB; Júnior Matuto, que seguiu para o PRD. Em mais de duras horas de reunião no Plenarinho da Casa para definir os membros e eleger os nomes da CPI, deputados governistas tentaram suspender a eleição, se retirando do local antes da votação. Apesar disso, a mesa diretora da CPI foi formada. Diogo Moraes foi eleito presidente, Antônio Coelho (União Brasil), vice-presidente, e Waldemar Borges, relator. Além desses três, vão compor a comissão os deputados: Rodrigo Farias (PSB); Dani Portela (PSOL); João Paulo (PT); Nino de Enoque (PL); Wanderson Florêncio (Solidariedade); Antônio Moraes (PP). Dos nove membros da comissão, apenas os quatro últimos (João Paulo, Nino de Enoque, Wanderson Florêncio e Antônio Moraes) são considerados apoiadores da gestão Raquel Lyra. CPI da Publicidade Deputados repercutem instalação da CPI que investiga contratos de publicidade do governo de PE A abertura da CPI da Publicidade foi aprovada no dia 4 de agosto, atendendo a um requerimento feito pela deputada Dani Portela (PSOL). Na solicitação, a parlamentar apontou "indícios de direcionamento ou conflito de interesses" envolvendo a governadora e familiares dela (veja vídeo acima). No texto, a deputada pediu que os parlamentares investigassem um contrato de dez anos, que pode chegar custar R$ 1,2 bilhão, entre o governo e agências de comunicação. Uma delas, a E3 Comunicação Integrada Ltda., de São Paulo, é suspeita de ter "sociedade oculta" com um primo da governadora, o empresário Waldemiro Ferreira Teixeira. Segundo o requerimento, logo após vencer a licitação, a empresa anunciou a abertura de uma filial no Recife, num imóvel que pertence ao parente de Raquel Lyra, no bairro do Pina, na Zona Sul. Conforme o documento, no mesmo mês em que a agência venceu o processo licitatório, em abril, uma funcionária da agência Makplan, que pertence a Teixeira, deixou a empresa e passou a trabalhar na E3 Comunicação, o que levantou suspeitas de que ele seria "sócio oculto" da concorrente. Além disso, conforme a denúncia, outro contrato, firmado em 2019, foi prorrogado por mais de sete vezes, ultrapassando o limite de 60 meses (cinco anos) previsto em lei, a um custo adicional de R$ 100 milhões. Em nota divulgada na terça-feira (19), o governo de Pernambuco informou que o processo licitatório de publicidade institucional foi conduzido "de acordo com a legislação vigente e com critérios técnicos, objetivos e públicos, sem quaisquer interferências externas". Segundo a gestão estadual, o modelo adotado pela Secretaria de Comunicação respeitou os princípios constitucionais da legalidade, impessoalidade e transparência e seguiu a jurisprudência consolidada do Tribunal de Contas da União (TCU) e práticas utilizadas pelo governo federal e por outros estados brasileiros, "garantindo, assim, a correta aplicação dos recursos públicos". VÍDEOS: mais vistos de Pernambuco nos últimos 7 dias